segunda-feira, 8 de abril de 2013

RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE


Como disse o nosso querido Chacrinha, quem não se comunica, se estrumbica! É disso que quero falar aqui para vocês. Todo relacionamento acontece através da comunicação, não é mesmo? Pode ser através de palavras, gestos, expressões faciais e até mesmo, o silêncio.

Quando uma mulher se depara com o câncer de mama, a comunicação com os seus médicos e com os profissionais de saúde que integram a equipe multiprofissional, será seu principal instrumento para um bom vínculo e um diálogo de qualidade. O andamento do seu tratamento será possível e esperançoso conforme a relação estabelecida com a equipe que lhe cuida. E esta relação só poderá ser confiável, com sentimentos de segurança e dignidade, se houver verdade e transparência na comunicação. 


Constrói-se uma relação de parceira, quando profissionais e paciente assumem atribuições e responsabilidades, de ambos os lados. Assim, a paciente torna-se agente e co-responsável, favorecendo o seu próprio tratamento.

A grande maioria dos estudos científicos na Oncologia demonstram, em suas pesquisas, que todos aqueles que descobrem um câncer desejam saber a verdade sobre a sua realidade, conhecendo as opções de tratamento e seus efeitos colaterais. Além disso, a maioria dos entrevistados, quando perguntados, afirmam que desejam participar ativamente da decisão pelo tratamento. Ou seja, cada vez mais, aquela cultura retrógrada e autoritária de que o médico é quem tem o poder de decidir a escolha do tratamento e ao paciente, lhe cabe o papel de se submeter a esta escolha de forma resignada, sem questionar ou ponderar argumentos, está desaparecendo cada vez mais nos tempos em que vivemos! Isto é muito bom de ver!

Toda pessoa que está com câncer, tem, sim, a AUTONOMIA para questionar, argumentar, ponderar, lembrar, relembrar, discordar, concordar e ESCOLHER qual tratamento deverá se submeter. Afinal, a vida é sua! O corpo é seu! É a sua rotina, invadida por uma doença, que passa a ter a ordem e a organização dos seus compromissos cotidianos modificados devido a exames, consultas, procedimentos, medicações e efeitos colaterais. Não há ninguém que lhe conheça, a fundo, mais do que VOCÊ mesma! É você quem sente medo do câncer e do que ele pode lhe causar, e raiva por ele estar atrapalhando a sua vida. 

O médico e todos os outros profissionais de saúde são fundamentais no auxílio para que você tome a decisão mais compatível com os seus princípios e valores de vida. Eles possuem conhecimento técnico e experiência profissional para lhe apresentar a realidade, até então desconhecida por você, e esclarecer TODAS as dúvidas e os temores.

DICAS IMPORTANTES:
- Pergunte sempre.
- Não acumule dúvidas e preocupações. Faça uma lista sobre todos os assuntos que você pretende abordar na consulta.
- Partilhe seus sentimentos.
- Sinalize ao profissional de saúde quando você se sentir sobrecarregada com tantas informações. Peça um momento para respirar e ajustar, dentro de você, as informações recebidas. Se necessitar, retorne para uma 2ª consulta, para confirmar a compreensão que você está tendo da sua situação.
- Peça a algum familiar ou amigo para lhe acompanhar na consulta. Como diz o velho e sábio ditado: “A união faz a força”. Seu acompanhante pode ouvir orientações que você não conseguiu ouvir devido ao impacto das notícias.
- Estabeleça um diálogo aberto com a equipe que lhe cuida, pois assim, você estará à frente no comando da realidade que você precisa enfrentar neste momento da sua vida.
 - Esteja aberta para receber, de corpo e alma, a ajuda técnica e profissional daquele que lhe assiste.

Faça escolhas desde que esteja bem consciente destas. Com consciência e responsabilidade, seu tratamento será o melhor para você.

Sabrina Costa 
Psicóloga e Psicoterapeuta especializada em Psico-oncologia, com título de Distinção de Conhecimento em Psico-oncologia pela SBPO

Um comentário:

  1. Oi Paula!
    Parabéns pela escolha da postagem, assim muitos pacientes são encorajados para dar ‘sua própria voz’.
    http://jefhcardoso.blogspot.com lhe convida e espera para ler e comentar “Agda e os meninos sem rosto”. Abraço.

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