segunda-feira, 10 de junho de 2013

DEPOIMENTO: ANA PAULA ANDRADE MOREIRA

Sou Ana Paula Andrade Moreira, baiana, solteira, 39 anos de idade, empresária, professora universitária, palestrante e consultora de Recursos Humanos. Tenho cinco sobrinhos lindos, uma mãe maravilhosa, dois irmãos que me amam muito, uma cachorrinha linda e muitos amigos. Sou uma pessoa de bem com a vida. Minha maior qualidade: Otimismo. 

Passei por momentos de trauma na minha vida: tive um dramático choque em 2010, com a perda do meu primeiro filho durante a gestação. Algum tempo depois, veio a separação do meu companheiro. Em 2011 tive outra perda: a morte de meu pai.

Mesmo com tantas dores, nunca deixei de acreditar em Deus e numa vida melhor! Busquei ajuda de psicólogos para superar as dores e o esporte para me tirar da tristeza e da solidão. Descobrir um verdadeiro amor pela corrida. Correr me faz bem e quando estou correndo sinto a presença de Deus! Desde então, passei a fazer muitos planos - inclusive a preparação para meia maratona no Rio de Janeiro em julho de 2013 e para a São Silvestre em São Paulo!

Foi então, no final de 2012, comecei a observar que algo não estava bem com minha mama direita. Confesso que em nenhum momento pensei que pudesse estar com câncer de mama. Logo eu que sempre tive uma vida muito saudável! Boa alimentação, prática de esportes regulamente (corrida, pilates e bike). Não imaginava que poderia fazer parte da estatística de mulheres com a doença!

Somente em janeiro de 2013 parei para ir ao médico. Passei três meses achando que tinha um simples caroço na mama. Não tinha nenhum histórico da doença na família e fazia os meus exames periodicamente.   Mas a vida me surpreendeu com diagnóstico de câncer de mama.



Foi difícil de acreditar! Passei uns vinte dias fazendo uma bateria de exames, sem dividir esse diagnóstico com ninguém, pois acreditava que no final o resultado seria outro. A meia maratona e a corrida de São Silvestre foram adiadas.

Quando soube que estava com câncer grau 01, chorei com medo da morte. Tenho sede de vida! Perguntei a Deus: Como? Tanto cuidado com saúde e alimentação e, mesmo assim, estou com câncer! Lembro do momento que cheguei no apartamento de uma amiga, desliguei celular, peguei meu tênis e fui correr no calçadão. Parei, sentei num banco de jardim e comecei a conversar com Deus, pedindo força e coragem para enfrentar a doença, sabedoria para aprender mais durante o tratamento.

Mais uma vez a corrida me ajudou. Lembro que em todas as consultas, eu perguntava aos médicos se eu poderia continuar fazendo minha corrida. A maior alegria foi ouvir: Sim! Praticar esporte durante o tratamento só faz bem, proporciona autoestima e bom humor. 

Assim, resolvi pesquisar sobre esporte junto com quimioterapia, pois sem a corrida, o tratamento de câncer seria insuportável para mim. Sim! O esporte ajuda a reduzir os efeitos colaterais da medicação e aumentar a imunidade. Segundo o National Cancer Institute (NCI): "a sensação de fadiga é experimentada por uma grande quantidade de pacientes oncológicos. Entre outras queixas relatam também a diminuição de força muscular e dor, o que exerce um grande impacto em sua qualidade de vida. Visando manter ou desenvolver o movimento livre para a sua função, a fisioterapia no Hospital A.C.Camargo realiza a terapia por meio de exercícios denominada cinesioterapia. Seus efeitos baseiam-se na melhora, restauração e manutenção da força, da resistência à fadiga, da mobilidade e flexibilidade, do relaxamento e da coordenação motora, permitindo restaurar ou melhorar o desempenho funcional dos segmentos corporais comprometidos. A fadiga muitas vezes impede o paciente de iniciar ou mesmo de manter uma atividade física, mas se sabe que o exercício físico pode amenizar esse e outros sintomas. Como cada caso é um caso e o paciente oncológico pode apresentar algumas limitações às atividades físicas, principalmente as de maior intensidade, é importante que as avaliações sejam individuais, condizentes com a patologia e com suas necessidades, sempre buscando seu bem estar e orientadas por profissionais qualificados.” 

Diante das pesquisas, resolvi que além de praticar o esporte, eu iria incentivar outras pessoas com câncer a fazer o mesmo. Iria ser exemplo de alegria e disposição para viver bem! 

Hoje em dia, a minha rotina de esporte não é a mesma. Antes eu corria em média 30 a 40 km durante a semana, pedalava uns 10 a 15 km e fazia uma hora de pilates duas vezes por semana. Graças a prática do esporte, foi fácil suportar os efeitos da quimioterapia. Agora, a minha rotina de esporte é muito leve: faço caminhadas e corridas alternadas pelo menos 40 minutos e apenas 03 km, pelo menos três vezes por semana; 15 minutos de musculação, uma vez por semana. Sempre respeitando o ritmo do meu copo.
Quando estou indisposta não faço nada! Essa rotina me faz bem, me deixa alegre, bonita e de bem com a vida. Também procuro seguir a dieta passada pela nutricionista, com objetivo de manter o peso e as demais taxas normais.

A corrida é minha vida. Quando estou correndo penso nas células novas que estão sendo produzidas, na serotonina e endorfina circulando no meu copo, penso na vida e nas pessoas que posso ajudar através do meu exemplo.

Eu ainda estou em tratamento, mas sempre acreditando que DIAS MELHORES VIRÃO!

Beijos
Ana Paula

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